aquarela silvestre
- larissashanti
- 21 de set.
- 3 min de leitura
Nesta edição de primavera, escolhemos, como Arte Colecionável, o trabalho delicado e potente de Jhasuá Rodrigues. Seu traço em aquarela traduz, como poucos, a fauna e a flora de Florianópolis, conversando com esta estação: um tempo de cores, de renovação e de encantamento.
A seguir, a artista compartilha, em suas próprias palavras, um relato sobre sua trajetória, inspirações e o processo que dá vida à sua arte.

Cresci cercada por arte. Meus pais sempre pintaram: a casa era cheia de quadros da minha mãe, e eu acompanhava de perto os projetos do meu pai (joalheria, maquetes, desenhos, pinturas). Sempre tive acesso a materiais artísticos e, como toda criança, desenhava muito e nunca mais parei. Brinco que herdei o traço do meu pai e as cores da minha mãe.
Tenho muitos irmãos, somos em 7 no total, e meus pais sempre tiveram uma confiança rara de saber que, independentemente do caminho que cada um de nós seguíssemos, seríamos felizes e teríamos sucesso. Quando desejo sucesso para alguém, sempre digo na sequência: “seja lá o que isso signifique para você”.
Em um ambiente onde há liberdade para ressignificar o conceito de sucesso, viver de arte se torna uma possibilidade real e celebrada.
Na forma como fui criada, tive inspiração, incentivo e nenhuma imposição para seguir carreiras convencionais ou trilhar caminhos mais pavimentados. As pessoas acham que é difícil viver de arte, mas, para quem nasce artista, é muito mais difícil não o ser. É como receber um chamado e passar uma vida tentando desviar, não funciona!
A aquarela tem lugar cativo no meu coração. Desde pequena, algo na técnica me chamava a atenção: a tinta diluída em água cria uma atmosfera única que não depende apenas da expressão do artista. Mas minha conexão com a aquarela começou, de verdade, com o projeto das Borboletas de Aquarela. A cada borboleta pintada eu me deparava com novas cores e formas.

Minha preferência por desenhar a natureza silvestre vem da admiração infinita que sinto por cada ser vivo, por suas configurações e cores. Com um pouco de observação atenta, é fácil perceber como, mesmo
sem nenhuma extravagância, cada indivíduo cumpre seu papel no equilíbrio da vida.
“Os encantos da natureza só se revelam quando paramos e observamos. Mantenho o olhar atento e tento não caminhar com pressa, pois é na calmaria que a magia acontece”.

Quando escolho retratar algo que normalmente não chama a atenção, essa é minha intenção principal: apresentar todos os seres vivos como seres extraordinários. Acredito que, se as pessoas aprenderem a amar a natureza, também aprenderão a preservá-la. Por isso, uso as minhas pinturas como um meio para sensibilizar crianças e adultos, oferecendo uma lente de aumento para a importância vital de cada ser vivo. É o meu convite para uma observação mais delicada e, consequentemente, para a proteção do nosso precioso entorno.
A Ilha me proporcionou uma natureza de imensurável inspiração. Durante todo esse tempo que vivi aqui, pude observar animais como a corruíra, a garça-moura, o martim-pescador e a nossa querida coruja-buraqueira, que vive em abundância na ilha, e que trago para a arte
colecionável da terceira edição.
Com certeza esse tipo de pintura também me conecta com a minha espiritualidade. O mistério da vida e a forma como ela se traduz em cada ser me permite entrar em um estado de poesia.
“Continuo esperançosa de que conseguiremos preservar o maior tesouro que essa Ilha tem: a Natureza”.




