tinta, asfalto e mar
- larissashanti
- 25 de jun.
- 2 min de leitura
Don Braga, surfista e tatuador de mão cheia, carrega não apenas tintas, mas histórias inquietas que o movem entre o renascimento europeu e a rebeldia do skate old school. Para a segunda edição do OFFLINE, ele assinou a arte colecionável, trazendo um pouco dessa mistura rara entre tradição e contracultura para nossas páginas

O estúdio de Don Braga, encravado no meio do verde do Rio Vermelho, não é apenas um espaço de trabalho: é a extensão da sua alma. Livros antigos, gravuras raras garimpadas em feiras de rua pela Europa e São Paulo, e peças de outros artistas transformam o lugar num pequeno santuário criativo. Ali, entre o cheiro de café local, o murmúrio do mar e as pranchas encostadas na porta, nascem tatuagens que atravessam continentes.
A estética de Don não nasceu por acaso. Desde sempre, ele foi atraído por formas góticas, renascentistas e greco-romanas. Quando clientes começaram a pedir desenhos nesse estilo, ele mergulhou de cabeça; estudou, testou, criou. Hoje, é reconhecido por um traço que une o rigor técnico com a liberdade gráfica do skate e do surf — duas paixões que fazem parte do seu cotidiano.
“Vejo minhas tatuagens como uma mistura entre o detalhismo da rachura e a estética mais crua do old school”, diz Don.
Mas engana-se quem pensa que a tatuagem, para ele, é apenas o desenho. O que o move é a experiência como um todo. No seu estúdio, o cliente não sai só com uma marca na pele, mas com a memória de um encontro. “Pode ser a tatuagem mais linda, se a experiência não for boa, a lembrança também não vai ser”, conta.
Esse olhar atento fez com que conquistasse uma clientela fiel que cruza estados, até mesmo países, para tatuar com ele. Entre as histórias que mais o marcaram estão as de quem percorreu longas distâncias para sessões que exigiram meses de dedicação — um ritual que transforma o processo em algo quase que iniciático.

Apesar do reconhecimento internacional e da agenda apertada — que o leva a, nos próximos meses, embarcar para uma Eurotour, seguida de temporadas em Bali, Sri Lanka e Estados Unidos, o coração de Dom ainda bate forte por Floripa. “O primeiro dia fora da ilha já bate aquela saudade. Quando volto, valorizo tudo ainda mais”, revela. Seu refúgio preferido? Moçambique. É lá que ele surfa, anda de jet com os amigos e recarrega a alma para os próximos projetos.
E não foram poucos os projetos. Antes da tattoo, Don já transitava pelo universo criativo com a marca Tricruz, fazendo shapes e estampas para skate. Entre amigos, foi riscando as primeiras peles. De um grupo de dez, só ele e outro amigo seguiram na profissão. “A galera era talentosa, mas não tinha paixão pela parada. Tatuagem não é só desenhar no papel. É além”, reflete.
Hoje, aos 29 anos, Don vive o que chama de sonho: viajando o mundo, trabalhando com gente incrível, surfando e mantendo tempo para si mesmo. Na pele de seus clientes, suas obras seguem circulando: vivas, mutantes, pertencentes ao mundo.

Se você quiser marcar um pedaço de história na sua pele, e viver uma experiência única, entre em contato com Don Braga pelo Instagram @donbragatattoo, ou visite seu estúdio no Rio Vermelho, em Florianópolis.









