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minerva

  • larissashanti
  • 25 de jun.
  • 2 min de leitura

e os caminhos da magia

Minerva não é apenas um nome, é um eco antigo, uma chama acesa nas veredas do tempo. Sua história atravessa florestas, desertos, mares, aldeias e cidades, como quem carrega em si o mapa das coisas invisíveis.


"Nasci em São Paulo, mas vivi experiências profundas ao redor do Brasil e do mundo. Desde cedo, os sinais estavam lá para mim. Cruzei rios ao lado dos irmãos Villas-Bôas e vivi entre os pajés do Xingu. Fui acolhida em rituais que provavam a força da alma: ralei meu corpo com língua de pirarucu, mergulhei em águas sagradas, sangrei para renascer. Vi duendes nas margens do mundo. Senti naves cortando o céu da floresta. Aprendi: nem tudo que é real se vê com os olhos.

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Na Europa, dirigi para lordes ingleses; colhi uvas na França, azeitonas na Grécia. Vivi com os pés na terra e o espírito na busca. Em um navio rumo ao Oriente Médio, fui envolvida por um amor em meio à guerra. Grávida, fugi pela Faixa de Gaza. Passei por Israel, Egito… voltei ao Brasil com um filho nos braços e a coragem tatuada na pele — como faziam minhas ancestrais árabes.


De volta a São Paulo, em um cartaz de rua recebi o chamado: “Festa Internacional de Bruxas, em Florianópolis”. E fui. Com uma criança pequena, uma mala e uma certeza. Cheguei ao Campeche em uma época em que não havia quase nada. Fiquei numa casa de madeira, acolhida pela ilha.

Durante três dias de festival, dancei em volta do fogo com mulheres de túnicas violetas. Senti os ventos da ilha sussurrarem segredos antigos. Vi crentes à porta e rituais à lua cheia — era como viver uma inquisição ao contrário. Ali nasceu uma nova etapa da minha vida. Dali nunca mais quis sair.


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“Sou uma alma antiga em um corpo presente.

Sou uma bruxa cristã. Igual Jesus. Passo, irradio e sigo.”


Foi no meio desse caminho, entre um ritual e outro, que ouvi pela primeira vez o nome Minerva ecoar dentro de mim. Não por acaso, mas como quem sonha algo que já sabia. Em uma dessas noites de vigília e bruma, o nome me foi revelado como uma senha de alma. Minerva, a deusa da tempestade, guardiã dos saberes antigos. Era o nome que carregava o espírito da minha caminhada. O aceitei como destino.


Minha trajetória é feita de travessias. Da floresta à pirâmide. Do tambor ao incenso. Da oração ao surf. Sou bruxa que reza, sou cristã que dança com o mar. Trabalhei em campeonatos de surf, acompanhei filhos de Netuno enfrentando ondas como quem enfrenta a própria alma. Digo que a ilha ainda guarda sua força, mesmo que mais escondida, mais sutil. A magia não acabou, só mudou de forma.


Carrego o conhecimento das benzeduras da infância, das avós que curavam com mel, azeite e sal grosso. Trago no corpo as marcas dos rituais que atravessei. Vivo entre o etérico e o terreno. E falo, com naturalidade, da minha vassoura. Não como se fosse um adereço, mas, sim, símbolo de passagem, de varredura, de limpeza energética. Porque toda bruxa carrega seu instrumento. E sabe quando usá-lo.

E quando ela se vai, parece desaparecer na neblina."


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