entre peles, paisagens e canções
- larissashanti
- 21 de set.
- 3 min de leitura
Por vezes em inglês, por vezes em português. Sozinha no quarto ou diante do mar, entre Floripa e São Paulo. Flora Cruz canta o que sente. Com voz suave e presença forte, ela transita entre a calmaria da orla de Santo Antônio de Lisboa e a pulsação dos festivais, compondo melodias que carregam tanto sua herança quanto seu presente. Nesta conversa, ela compartilha as origens, os palcos e os sonhos que florescem agora.
Quando a música deixou de ser só música pra você?
Acho que foi quando comecei a compor. Iniciei no violão aos 12 e já escrevia músicas de brincadeira, mas mesmo naquela época me veio o pensamento: “nossa, será que dá pra lançar isso?”. Sempre fui encantada pelo mundo do artista. Enxergava tudo com olhos brilhantes.

Qual foi o seu primeiro palco real?
A escola de música, onde eu estudava violino. Tínhamos uma prática em conjunto e, um dia, descobriram que eu cantava afinado. Depois disso, participei como vocalista em quase todas as apresentações. A primeira performance solo também foi lá, ao som de “Put Your Records On”.
Você é filha de mãe inglesa e pai brasileiro. Quais foram as suas influências musicais?
Muito através da natureza. O contato com o mar, o pôr do sol... Agora que moro em São Paulo, sinto saudade disso. Quando componho algo emotivo, essas imagens vêm forte.
Como manezinha raiz, como a ilha aparece nas suas músicas?
Muito através da natureza. O contato com o mar, o pôr do sol… Agora que moro em São Paulo, sinto saudade disso. Quando componho algo emotivo, essas imagens vêm forte.
Tem algum cantinho especial?
Santo Antônio de Lisboa. Cresci ali. Minha mãe nos levava de pijama pra ver o pôr do sol. Hoje, quando preciso me reconectar, volto lá, passo pela orla e caminho até o Sambaqui.
Dos shows que fez em Floripa, qual mais te marcou?
O do Delfi no 46. Comecei meu projeto autoral ali, onde formei minha primeira banda, e toco lá desde então. É minha casa. O público escuta com atenção e posso mostrar minhas músicas com liberdade.
E hoje, onde te encontrar cantando?
Além do Delfino, no Franz Cabaré. Recentemente, fiz meu primeiro show 100% em português lá. Foi um
resgate das minhas referências brasileiras. Já toquei também no Negroni Bar e no Arvo Festival, com a banda Reis do Nada. Tenho vontade de levar meu show solo para esse palco.
Como sua dupla nacionalidade te influencia?
Tem momentos em que me sinto mais inglesa, outros mais brasileira. Essa fusão me torna única. As
línguas têm ritmos e tempos diferentes que mudam a música e minha forma de compor. Hoje, compondo meu álbum, sinto essa diferença ainda mais.
Cantar em inglês ativa outra Flora?
Em inglês, sou mais diva, mais mulherão. Em português, é mais íntimo, mais pessoal. Mexe com outro espaço dentro de mim.
Como é cantar para amigos e família?
Fico mais nervosa. Eles me conhecem tão bem que percebem cada microexpressão. Estão sempre 100% ali, então quero entregar tudo o que eles merecem.
E no estúdio, como se sente?
É mais difícil que o palco. Meu refúgio é em casa, compondo sozinha. O estúdio é lugar de foco, de transformar sentimento em trabalho. Mas também é divertido.
Você sente que o formato muda a música?
Muito. Muda a vibe, o jeito de se colocar. Tem música que pede só voz e violão, outras que pedem banda, eletrônica... Isso nasce na composição, a música já pede um caminho.
O que está nascendo em você neste momento?
Me mudei para São Paulo este ano. Lancei meu primeiro EP solo em dezembro de 2024 e agora estou compondo meu álbum. Está sendo muito gostoso escrever nessa nova fase e deixar isso aparecer nas músicas.
E os sonhos futuros?
Tocar em festivais, aqui e fora do Brasil, lançar meu álbum e colaborar com artistas de outros lugares. Quero juntar mundos criativos e chegar onde eu não chegaria sozinha, porque cada artista tem seu universo e, quando eles se encontram, a gente cresce.



