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o cientista empreendedor que deu voz à cannabis medicinal

  • Foto do escritor: Carol Del Lama
    Carol Del Lama
  • 1 de abr.
  • 3 min de leitura
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Fabrício Pamplona sempre quis entender a mente humana. O que faz a gente mudar de ideia? Como funciona o cérebro? Por que certos medicamentos têm tanto poder sobre o comportamento? Foi essa inquietação que o levou a estudar farmácia e, sem saber, a se tornar um dos principais cientistas da Cannabis Medicinal no Brasil.


No início dos anos 2000, a maconha ainda era um tabu absoluto no país. Mas Fabrício não estava interessado no debate moral. O que chamou sua atenção foi algo que pouca gente falava na época: o sistema endocanabinoide – uma engrenagem fundamental do cérebro responsável por regular coisas como humor, dor, sono e até a maneira como aprendemos. Ele percebeu que os compostos da Cannabis não eram apenas recreativos – eram terapêuticos. Isso acendeu um alerta: por que ninguém falava sobre isso?

A resposta era simples: preconceito. E para um cientista, não existe nada mais frustrante do que um conhecimento preso por dogmas. Foi então que, aos 25 anos, Fabrício fez o impensável: vendeu seu carro para ir a um congresso sobre Cannabis na Holanda. Mochilão, e-mail na cara dura para os maiores pesquisadores do mundo, e um sonho. Ele bateu na porta de um dos laboratórios mais renomados da Alemanha e disse: “Oi, sou brasileiro, sou seu fã e estudo isso também.” Para sua surpresa, foi recebido com café e conversa – e acabou voltando anos depois como pesquisador oficial do instituto que ajudou a fundar a psicofarmacologia no mundo.

Naquela época, a Cannabis já era estudada como remédio para uma série de doenças, mas ninguém ainda tinha noção do impacto que o CBD teria no futuro. Em 2007, Fabrício foi parar numa mesa de debate com ninguém menos que Raphael Mechoulam, o cientista israelense que descobriu o THC e o CBD.

Para quebrar o gelo, soltou: “O CBD é a nova aspirina.” A plateia riu. Mas ele não estava brincando. Hoje, essa substância é usada para tratar ansiedade, epilepsia, Parkinson, esclerose múltipla e até doenças ósseas.

A ciência avançava, mas o Brasil continuava engessado. A regulamentação ainda não existia, e médicos tinham medo de sequer mencionar o tema. Foi quando Fabrício percebeu que precisava sair do laboratório e colocar a cara no jogo. Ele ajudou pacientes a conseguir acesso ao CBD, trabalhou nos bastidores da política e até teve a Polícia Federal entregando 10 quilos de Cannabis na sua mão – legalmente, claro.

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Se antes a Cannabis era vista como um problema, hoje ela é uma solução. Santa Catarina, por exemplo, já tem uma lei que garante o fornecimento de CBD pelo SUS. E não é de hoje que Floripa se destaca nessa história: os primeiros extratos de Cannabis feitos no Brasil foram produzidos aqui, e a UFSC lidera a maior pesquisa clínica do planeta sobre o uso da planta no tratamento do Parkinson.

De cientista promissor a referência mundial no tema, Fabrício Pamplona não apenas ajudou a construir a história da Cannabis Medicinal no Brasil – ele segue abrindo caminho para um futuro onde ciência e preconceito não andam juntos.

E pensar que tudo isso começou porque ele queria entender como funciona o cérebro. Talvez a pergunta certa fosse: e como funciona a mudança?

Fabrício Pamplona é farmacêutico, neurocientista e um dos principais pesquisadores de Cannabis Medicinal no Brasil, com mais de 20 anos de experiência na área. Ele é fundador da Fito Canábica, empresa dedicada ao desenvolvimento de produtos e soluções inovadoras à base de Cannabis, aliando ciência, tecnologia e qualidade para ampliar o acesso seguro e regulamentado a essa alternativa terapêutica.

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