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ironman

  • larissashanti
  • 25 de jun.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 26 de jun.

Floripa: mais que uma prova, um espírito que transformou a ilha

Carlos Galvão é o nome por trás da história do IRONMAN Brasil em Florianópolis. Empresário e fundador da Unlimited Sports, ele foi o responsável por trazer a prova para a ilha e transformá-la em um dos maiores eventos esportivos do país. Em uma conversa exclusiva, o Jornal OFFLINE falou com Galvão sobre as histórias de superação que marcaram sua trajetória; adentrando o tema da relação entre o IRONMAN e nossa ilha, assim como a cultura que a prova espalhou pela cidade.


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Em 2001, quando aconteceu a primeira edição, o que fez você acreditar que Florianópolis era o lugar certo para essa prova? O que se confirmou (ou surpreendeu) ao longo dos anos?


A princípio, o IRONMAN era realizado em Porto Seguro, uma cidade linda. Mas percebemos que o evento poderia crescer ainda mais em um local com características mais favoráveis. A prova reunia 200 ou 300 atletas, e o triatlo já era uma febre no Brasil e no mundo. Buscávamos um destino com infraestrutura completa: uma capital com aeroporto, rede hoteleira ampla, comércio, restaurantes, boas vias para ciclismo e corrida, e um ótimo local para a natação. Florianópolis reunia tudo isso, estava em pleno desenvolvimento e tinha fácil acesso para os grandes centros. Hoje, após mais de duas décadas, o evento é reconhecido mundialmente. Fomos eleitos o terceiro melhor IRONMAN do mundo em 2023 e nossa natação foi considerada a melhor da franquia. Florianópolis não apenas abraçou, mas incorporou o espírito IRONMAN.


Se o IRONMAN Floripa fosse uma pessoa, que personalidade ele teria?


Certamente seria uma pessoa exigente e ousada, que não se conforma com a zona de conforto. Alguém disciplinado, focado, competente e, ao mesmo tempo, alegre e inspirador, capaz de motivar todos ao redor a buscarem o seu melhor.


O que acontece em Florianópolis, na semana do IRONMAN, que o público em geral não percebe, mas que é crucial para o sucesso do evento?


O IRONMAN vai muito além do domingo de prova. São 45 dias de montagem, gerando centenas de empregos diretos e indiretos. São mais de 2.500 staffs e voluntários, agentes de trânsito, oficiais e órgãos públicos envolvidos. A economia local movimenta cerca de 30 milhões de reais. Para cada atleta inscrito, vêm em média quatro a cinco acompanhantes. Sem essa mobilização gigantesca da cidade e de todos os que atuam nos bastidores, jamais teríamos alcançado esse patamar.


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Florianópolis é conhecida por receber atletas e turistas que vêm apenas para assistir à prova. Como esse público interage com a cidade? Tem algum ponto de torcida inusitado ou um jeito peculiar que os locais encontraram para se conectar com o evento?


O principal ponto de encontro é a Avenida dos Búzios. Casas são alugadas por atletas, marcas e assessorias montam seus QGs, criando um clima amistoso entre todos. No domingo da prova, a torcida está ali desde às 6h30 até meia-noite, incentivando cada competidor. É uma energia contagiante e extremamente significativa para quem participa.


Alguma cena ou atitude de um espectador já te emocionou e marcou de forma especial?


A chegada é sempre o momento mais emocionante. Ali vemos sonhos se realizando, vidas se transformando... Já presenciei atletas cruzando a linha com fotos dos pais, filhos, pessoas recém-recuperadas de doenças. O que mais me emociona é sentir essa conexão verdadeira entre a prova e a história de vida de cada atleta. É o lembrete do porquê fazemos o que fazemos.


No mundo do triathlon, o IRONMAN Floripa é um mito. Mas e para os atletas? Qual é a primeira coisa que um competidor que nunca veio para cá comenta quando chega?


Eles se impressionam com a estrutura. Muitos não têm noção da grandiosidade do evento: nosso Village, a área de transição, a linha de chegada. Entregamos não apenas uma competição, mas um sonho. A Ilha da Magia faz parte desse universo e imprime seu espírito no evento.


Qual foi a história de superação mais absurda que você já viu entre os atletas? Algum personagem que ficou na sua memória?


São centenas de histórias. O lema “Anything is Possible” reflete isso. Recentemente, em 2024, tivemos a dupla de irmãos portugueses Miguel e Pedro. Miguel, de 35 anos, completou o IRONMAN levando seu irmão Pedro, de 33 anos e com paralisia cerebral. Ele nadou puxando uma canoa, pedalou rebocando o irmão e correu empurrando uma cadeira adaptada. Foi uma das histórias mais emocionantes já registradas no IRONMAN mundial.


O que faz um atleta amador olhar para esse desafio insano e dizer “quero tentar isso”? Existe um padrão de personalidade entre os que encaram a prova?


O IRONMAN é para todos, mas o espírito necessário é para poucos. São pessoas resilientes, humildes, dedicadas. Gente comum, mas com uma força interna gigante e um comprometimento profundo em superar a si mesmos.


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O que você diria para alguém que nunca se imaginou participando, mas sente um fascínio pelo evento?


Se quer, é possível. Planeje-se, converse com a família, busque orientação profissional e discipline-se. Comece por distâncias menores e, em um ano, ou pouco mais, de dedicação, é possível cruzar a linha de chegada. Acredite: é mais perto do que você imagina.


Se tivesse que descrever o dia da prova em uma trilha sonora, quais músicas entrariam na playlist?


O rock é a trilha do IRONMAN Floripa. É forte, vibrante, energético, como o espírito dos competidores. Representa bem essa geração de atletas entre 35 e 45 anos que lota nossa prova.


Se o Carlos de 2001 pudesse conversar com você hoje, que conselho você daria para ele?


Eu diria: siga com paixão, acredite no processo e confie nas pessoas. O IRONMAN superou todas as expectativas, transformando vidas, movimentando economias locais e inspirando gerações. Tudo valeu a pena.


Se pudesse lançar ao universo uma visão de futuro, como estará o IRONMAN Floripa em 2030?


Vejo o evento ainda mais forte, mantendo sua essência inspiradora. Continuaremos transformando vidas, atraindo atletas do mundo inteiro, quebrando recordes e fortalecendo a relação de amor entre Floripa e o IRONMAN.


Quais lições que o treino e o estilo de vida dos triatletas podem trazer para o dia a dia dos nossos leitores?


Disciplina, humildade, propósito e resiliência. O IRONMAN é muito mais que esporte: é um modelo de vida. Cruzar a linha de chegada é superar uma jornada cheia de imprevistos — como a própria vida.


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