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Libra e o outro

  • larissashanti
  • 26 de set.
  • 7 min de leitura
por: Benter Zion

Bem-vindos, queridos leitores!


Deus é amor. E o amor deve amar.
E para se amar deve haver um amado.
Mas como Deus é Existência infinita e eterna, não há ninguém para Ele amar além Dele mesmo.
E para poder amar a Si, ele deve imaginar-se como o amado, a quem Ele, como o amante, imagina amar.

A relação amado e amante implica separação.
A separação cria anseio, e o anseio resulta em procura.
Quanto mais ampla e intensa é a procura, maior será a separação e mais terrível será o anseio.
Quando o anseio é o mais intenso, a separação está completa
a separação que tinha a finalidade de permitir que o amor pudesse experimentar a si mesmo como o amante e o amado, é cumprida;
e a união é o que resulta.

E quando a União é atingida, o Amante vem a saber que o tempo todo ele próprio era o Amado a quem ele amou, com quem desejou a união.
E que todas as situações impossíveis que Ele superou eram obstáculos que Ele mesmo colocou no caminho para Si mesmo.

Atingir a União é tão incrivelmente difícil pois é impossível tornar-se o que você já é!
A união não é nada além do conhecimento de si mesmo como o Sujeito Único.
Deus existe.
Se você está convencido da existência de Deus, então cabe a você procurá-Lo, vê-Lo e percebê-lo.
Não procure por Deus fora de você...
Os sábios do esoterismo afirmam que Deus está sempre presente na forma de “outro”; em uma árvore, em uma formiga, no amanhecer
e até em você!
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Chegamos em LIBRA (set - out) e o Equinócio da Primavera já sugere a qualidade fundamental deste signo.

 

O QUE É O EQUINÓCIO

O equinócio é um fenômeno astronômico, em que a duração do dia e da noite é similar em todo o Globo. Indo além, é também quando surge a consciência do outro e a busca arquetípica da alma gêmea...

 

Na imagem de Libra vemos "a mulher com os olhos vendados, com uma balança em uma das mãos e a espada em outra". A mulher é o símbolo da sensibilidade, capaz de julgar (balança), sem ser influenciada pela aparência (olhos vendados), e assim ditar a justiça com a espada, que é o símbolo do poder da mente.


É assim que chegamos ao signo de Libra: marcando o início da primavera, exatamente o meio do ano astrológico, e seis meses do início da aventura do relacionamento com vocês, leitores do nosso Jornal OFFLINE


Quando começamos esta aventura, era signo de Áries e outono, início do nosso atual ano astrológico regido por Júpiter; e, como escreveu o librianíssimo Friedrich Nietzsche, aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal. Assim foi nossa caminhada por estes meses.


Seguiremos avançando pelo ano, agora em libra, no início da primavera, que simboliza o renascimento, a renovação e o crescimento, o desabrochar da vida após o inverno; despertam novas possibilidades, a criatividade e a abundância; simboliza um recomeço, expansão e busca por harmonia, com ênfase na transformação interior, clareza e na prosperidade, tanto na natureza quanto no ser humano.


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Há muita coisa para investigar sobre libra, sobre seu equilíbrio, justiça, diplomacia, beleza, elegância, sociabilidade, parceria e companheirismo... Quero focar neste último atributo: companheirismo. Libra rege a casa 7 do mapa natal: casa do casamento e companheirismo. Mas há uma palavra que melhor define essa disposição: “O OUTRO”. Em um contraste complementar com o ascendente, que é o “EU”. Como escrevi no início: afirmam os sábios do esoterismo que Deus está sempre presente na forma de “outro” - em uma árvore, em uma formiga, no amanhecer e até em você!


Nas relações interpessoais, o “outro” é um meio pelo qual podemos enxergar a nós mesmos e a Deus, ou reconhecer a presença divina nas qualidades e nas necessidades alheias. Isso contrasta com a visão de que o "outro" seria um adversário, e em vez disso, o outro apresenta-se como um espelho, um guia ou um ponto de contato com o sagrado.

 

A astrologia contribui para essa compreensão do outro, utilizando a casa 7 como guia-critério:  casa do casamento, do outro, das alianças, dos assuntos legais e do matrimônio.

Podemos também localizar a casa 7 na nossa biografia, por volta dos 7 anos de idade. A criança, ao chegar nesta idade, não está lidando mais somente com o ser individual, mas, sim, entra na aventura dos relacionamentos, aprendizados fundamentais de cooperação e comunhão com o outro (aquele que não é EU e está “lá fora”). Os cooperadores descobrem que a cooperação em comum serve a uma finalidade dentro de uma unidade de existência maior, uma comunidade, a humanidade, considerada como um organismo planetário, na qual desenvolvemos uma participação funcional e percebemos uma finalidade na relação. Cada um descobre sua finalidade nas relações; os índios norte-americanos diziam que uma vida sem propósito, sem visão, não se torna digna de se viver.


É neste espaço que descobrimos algo muito importante para nós e para a sociedade: o Propósito. Existe uma variedade imensa de propósitos, e, ali, somos iniciados nessa jornada. Em um mapa natal, a descoberta do propósito inicia-se, curiosamente, na casa 7. Esta casa esclarece a inter-relação básica da primeira, quarta e décima casa.


Na primeira, compreendemos intuitiva e instintivamente o propósito, que fica no limiar da consciência, despertando um EU individual, que é levado para a quarta casa.


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Na quarta casa, descobrimos que somos uma certa pessoa, com um certo caráter. Criamos aqui um eu básico de treinamento tanto no mundo quanto na família, surgindo assim os núcleos egóicos, que serão organizados em um EGO (na casa cinco), quando iniciamos o processo de individuação. É na casa 4 que surgem os germes do êxito e/ou do fracasso e das “dores” do crescimento e das transformações. Descobrimos que nosso organismo biológico só ganha sentido quando funciona em conjunto, e adquire um “lugar” na comunidade/sociedade (casa 10), que funciona junto com os outros.


Essa cooperação funcional produz algo de valor para a humanidade, por isso é importante perceber a funcionalidade do outro em um sistema relacional (em que a função é o mesmo que propósito; através de um exemplo: ao pegarmos uma bolota do chão, só saberemos que é uma semente ao perceber a relação com a árvore, sem isso não reconheceremos a potência implícita de uma árvore contida em uma semente). Só em relação com outras entidades, uma identidade particular (semente) ganha significado tanto em processos vitais, como por sua atividade, que está organizada em um todo social, planetário e cósmico.


Aprender sobre a relação e o relacionar nos fornece amplitude de conhecimento sobre nosso lugar no mundo e sobre aquilo (outro) que cruza nosso caminho.

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E é na casa 10 que aprendemos a compreender o outro no campo de sua atividade sociocultural na coletividade - pois função sugere propósito, descoberto e compreendido na casa 7.


A qualidade dos relacionamentos com os outros níveis funcionais instiga-nos sobre o que queremos alcançar em nossa existência; isso tem início desde que nascemos. Por isso, as experiências de participação, vivenciadas na casa 7 com outras funcionalidades, fundamentam a compreensão do nosso  propósito na vida pessoal e na comunidade. Por vezes não teremos tanta consciência de estar participando de um todo maior, mas o sentido fundamental é poder vivenciar alianças, como em um casamento, até de elementos opostos.


Nessa  vivência de experimentar plenamente  outro ser humano, com a participação dele e através dele, atingiremos a autorrealização, um estado de lua de mel. Entramos num samadhi a dois, um estado de consciência profunda e essencial para alcançarmos a libertação espiritual, a compreensão ampla da comunhão com o universo do outro. Porém, essa consciência ganha força e sabedoria somente quando entramos no trabalho cotidiano, em estado de relacionamento e propósito.


É aqui que o sentido funcional do casamento/companheirismo se torna claro, e essa relação cooperativa atinge  um êxtase por meio do relacionamento. Por isso criamos uma solenidade (atividade intrínseca da casa 7) para celebrar o comprometer-se a um propósito que é social também. Ali, perceberemos muito mais do que inter-relações e interdependências; percebemos que cada indivíduo é uma Mônada (a presença divina em nós); descobrimos que somos uma extensão direta da fonte, do criador; aprenderemos o real sentido de nos relacionarmos quando percebermos o que cada relação acarreta em nós e em tudo também.


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Epílogo: vimos nesta jornada por Libra, e pela sétima casa astrológica, que, em essência, Libra é o caminho de autoconhecimento que nos ensina a “ver” Deus no outro, qualquer que seja o outro: um pássaro, uma estrela ou um amante.


Descobrir o outro é um processo fundamental de alteridade. Envolve autoconhecimento e empatia para reconhecer a humanidade e a singularidade alheia, transcendendo a projeção de nossos próprios sentimentos e defeitos. Esse reconhecimento é crucial para o desenvolvimento psíquico e a formação da identidade por meio da construção de relacionamentos saudáveis, em que a compreensão e o respeito pelas diferenças são a base de uma convivência plural e significativa.


O reconhecimento do Eu acontece no momento em que aprendemos a nos diferenciar do outro; passamos a ser alguém quando descobrimos o outro.

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A empatia, em que se vê o mundo pelos olhos do outro, sem projetar o próprio mundo, é fundamental para criar um vínculo de confiança e possibilitar a autonomia e o autoconhecimento de ambas as partes. Portanto, a descoberta do outro é um processo contínuo de autoconhecimento e construção do eu, em que a alteridade (a condição de ser outro, diferente) é um elemento central e indispensável.


Como dizia o taurino Freud: não escolhemos os outros ao acaso, encontramos aqueles que já existem em nosso inconsciente. O capricorniano Yogananda disse que ao nos voltarmos para dentro e nos conscientizarmos de nossa natureza espiritual, o véu do "outro" se desfaz, revelando a unidade de tudo no Espírito.


Gestalt: o pequeno Dragão perguntou ao Grande Panda o que era mais importante: a jornada ou o destino, e o grande Panda respondeu: "A companhia".

 

Disseram os mestres da sabedoria que o relacionamento mais sereno e universal é quando as mãos se juntam em relação, em oração e gratidão...

 


Bom momento Dhármico!

Benter Zion

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