top of page

de boa na lagoa

  • larissashanti
  • 21 de set.
  • 3 min de leitura
por: Anaía Brognoli

Foi a segunda vez, no mesmo mês, que me convidaram a escrever sobre a Lagoa. Aceitei de peito aberto; afinal, ao menos para mim, a Lagoa das Conceição é um dos lugares mais mágicos da Ilha.


Engraçado, porque não sou daqui... ou será que sou?


Foto: Huan Gomes
Foto: Huan Gomes

É sempre nostálgico lembrar das inúmeras vezes que, do alto do Morro das Sete Voltas (nome oficial do Morro da Lagoa), respirei fundo e contemplei a paisagem. Lembro de cantar “O Rancho de Amor à Ilha” com meus pais, lendo as placas enquanto descíamos o morro. Hoje, além de contemplar do Mirante, mesmo que de passagem, agradeço pela beleza, que vejo mesmo em dias nublados, e pela sorte de morar, atualmente, neste mesmo morro.


Eu sou manezinha, mas não sou nem da Carmela Dutra, nem da Carlos Côrrea.

Nasci em casa, no Continente, no Balneário, no Estreito. Acabei me casando com o gaúcho mais lagoano que conheço, o Jeco, e aqui resolvemos viver.


Crescer em Florianópolis foi uma experiência que moldou o meu jeito de ver o mundo. Eu sempre tive uma ligação mágica e alegre com este lugar. Quando criança, a Lagoa era o programa do final de semana, o lugar do pic-nic em família, o caminho para a praia... Era onde a gente pegava o barco para almoçar carapeva frita na Costa. Aliás, até hoje, pegar um barquinho para almoçar comida mané na Costa da Lagoa, em dias ensolarados, é um dos meus programas preferidos.


A Lagoa é infância, adolescência, e juventude. A Lagoa é maturidade.


Aprendi a amar este bairro de verdade quando me apaixonei pelo meu marido lá no verão de 1998/1999. Lembro da primeira vez que acordei aqui: a maçã da feirinha da pracinha era crocante, o pão integral do Márcio era maravilhoso e o mel... divino! Sim, me apaixonei.


Nesta época, a Lagoa era palco de inúmeras festas. A noite era pura boemia: barzinhos lotados, um ao lado do outro, com som ao vivo, gente bronzeada, bonita e de alto astral. Era um estilo hippie chic que eu me identificava. Além, é claro, da música: tinha reggae, tinha rock, tinha forró. Aqui nasceu o Rococó, depois John Bala Jones, a turma do Dazaranha que se encontrava com a do Iriê... Aconteceram muitos luaus, shows... Tinha o Boulevard, um lugar incrível, cheio de bares em volta da figueira, que ainda resiste (árvore em frente ao posto de gasolina). Depois vieram os extintos Rock Point, Engenho Butiá e o La Pedrera. Sem falar da programação de shows do LIC e dos bailes de carnaval, que, mesmo não sendo sócia, eu ia. Uma vez encontramos a cidade inteira no inesquecível show do Jorge Ben Jor no LIC. O que foi aquilo?


No caminho para a Mole e para a Joaca, aos domingos, o posto do centrinho era um programa certeiro para um café expresso, sendo o point para encontrar a turma (turma do meu pai, no caso)... Na época o Campeche parecia tão longe e o Novo Campeche sequer existia.


A Lagoa foi, e ainda é, um espaço de convivência, de cultura e de alegria. A evolução do bairro trouxe mudanças inevitáveis: a nova ponte, novos moradores, novas oportunidades, mas também novos desafios. O comércio também mudou com o crescimento do Leste da Ilha. A cidade inteira cresceu e a demanda por infraestrutura aumentou. Esses avanços, se bem conduzidos, podem garantir que a Lagoa seja um espaço de encontro, de tradição e de modernidade, sem perder sua essência. Vejo com bons olhos o aparecimento de lojas e restaurantes que fazem real diferença na vida de turistas e de nós moradores.


O verão de 2026 promete e eu torço para que seja próspero, mesmo com fila para ir à praia nos horários de pico. Afinal, a gente quer mesmo é ficar de boa na Lagoa!


ree

Anaía Brognoli é criadora de conteúdo, estrategista de marca e produtora de experiências. Entre Brasil e Europa, inspira conexões autênticas e lidera o Mercado Circular, brechó de moda consciente na Lagoa.

bottom of page