sustentabilidade na arquitetura: construindo o futuro com a sabedoria do passado
- Carol Del Lama
- 27 de fev.
- 2 min de leitura
Por Dani Bruno – João-de-Barro Arquitetura
A arquitetura sempre foi um reflexo de como nos relacionamos com o espaço e com o mundo ao nosso redor. Hoje, mais do que nunca, essa relação precisa ser ressignificada. Construir não pode ser um ato isolado, desconectado do meio ambiente e da vida que existe além das paredes. Arquitetura é mais do que erguer estruturas; é criar espaços vivos, integrados e responsáveis.

Sustentabilidade não deveria ser um diferencial, mas um princípio fundamental. Para mim, projetar de forma sustentável não significa apenas usar materiais ecológicos ou instalar placas solares no telhado. É sobre pensar cada detalhe – a orientação da construção, o aproveitamento da luz natural, a ventilação cruzada, o impacto sobre o entorno e a escolha de materiais que tenham um ciclo de vida consciente.
E a verdade é que isso não é uma novidade.
Antes da era da eletricidade, as casas já eram projetadas para se adaptarem ao clima local, aproveitando ao máximo os recursos disponíveis. As construções de adobe em regiões áridas, as casas de taipa no Brasil colonial, as palafitas em áreas alagadas – tudo isso era arquitetura sustentável na essência, pensada a partir do que a natureza oferecia. O que chamamos hoje de inovação muitas vezes é apenas um resgate da sabedoria ancestral.

Na João-de-Barro Arquitetura, esse é o caminho que escolhemos seguir: unir tradição e tecnologia, passado e futuro. Buscamos criar o que chamo de “arte habitável” – um equilíbrio entre estética, funcionalidade e consciência ambiental. Cada projeto nasce do desejo de respeitar o entorno e oferecer uma experiência mais sensorial e fluida para quem habita esses espaços.
Não se trata apenas de minimizar impactos ambientais, mas de projetar com mais sensibilidade. Pensar na ventilação natural para que o ar circule sem a necessidade de climatização artificial. Escolher materiais locais, reduzindo o transporte e a pegada de carbono. Criar espaços que se conectem com a paisagem, em vez de se impor sobre ela.
Acredito que a sustentabilidade não está apenas no que construímos, mas na maneira como escolhemos viver. Arquitetura sustentável é sobre respeito: ao tempo, ao espaço, à natureza e às próximas gerações. E, acima de tudo, é sobre lembrar que o que é único não precisa ser perfeito. Precisa ser vivo.
